Covid-19. SARS-Cov-2. “Novo Corona Virus”. Chame como quiser, o fato é que estamos vivendo um momento de desafio à gestão sem precedentes na história Brasileira (e não, ele não é uma gripezinha, nem é igual Ebola e H1N1).
Mas eu não estou aqui hoje para falar dessas diferenças, nem para dizer que estamos em crise (essa eu sei que você já sabe), nem para mandar você ficar em casa. Não. Sim! Fique em casa. Se puder, claro. Tem gente que não tem esse privilégio e se você é uma dessas pessoas, por favor, se proteja.
Eu estou aqui hoje para tentar dar uma ajuda como consultor em gestão. O que fazer e o que não fazer dentro da sua organização para mitigar essa grande confusão que virou nossa vida como gestores. Sem mais delongas, vamos lá.
Neste artigo
Gestão de custos
A crise do COVID-19 pede uma redução de custos, mas reduza de forma inteligente. Comece com o simples, desligue o que não precisa ficar ligado, cancele serviços, assinaturas e contratos não essenciais (entenda não essencial como tudo que não agrega valor ao serviço/produto oferecido ao cliente) e renegocie contratos com fornecedores para reduzir custos, e (se possível) implemente alternativas que consumam menos recursos. Por exemplo:
- Cancele assinaturas de jornais e revista técnicas;
- Renegocie contratos de aluguel;
- Negocie adiar/reduzir bônus e vantagens dos funcionários;
- Diminua o plano de internet;
- Desligue equipamentos não essenciais (a máquina de café, a lâmpada da sala que não está em uso, etc);
- Troque as lâmpadas normais por lâmpadas LED.
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“Mas Diego, e os salários dos meus funcionários?” vocês devem estar pensando. Pense comigo: Quem é que toca a empresa no dia-a-dia? Seus funcionários. Quem é que entende o funcionamento da empresa? Seus funcionários. Quem é que pode fazer seu negócio fechar amanhã? Você, através dos seus funcionários insatisfeitos. Se você pretende que sua empresa sobreviva, garanta que seus funcionários vão se sentir seguros quanto à suas capacidades de prover para si e suas famílias. Férias coletivas, redução de salários (com ou sem ajuda do governo) e demissões devem ser as últimas medidas a serem tomadas, e preferencialmente nesta ordem.
Gestão de processos
Agora que você já tirou a camada superficial de gordura (Olha! Exatamente o que o sabão faz com o COVID-19!), hora de tratar da gordura visceral da sua empresa. Garantir que cada minuto utilizado, cada centavo gasto esteja retornando o melhor resultado possível dentro do cenário em que se encontra. Para isso, avalie como os processos internos estão funcionando. A passagem do bastão está ocorrendo da forma correta, a informação está fluindo pelos canais corretos e sem ruído? O retrabalho nas tarefas é alto? A pessoa mais qualificada para a ação está engajada na tarefa? Existe algum ator que está atrapalhando a execução de uma tarefa?
A otimização dos processos vai garantir três coisas:
- Maior redução de custos, com impactos de longo prazo;
- Maior agilidade na execução das tarefas de rotina;
- Maior retorno do investimento
Refaça o Planejamento Estratégico
Agora que as ações de curto (custos) e curto-médio (processos) prazo já foram tomadas, eu recomendo fortemente que as cabeças pensantes da organização sentem e refaçam (ou façam, antes tarde do que nunca) o planejamento estratégico da organização. O foco deve sim estar em sobreviver à crise, mas não devem ignorar outros aspectos da organização, afinal, já que estão sentados para fazer planejamento estratégico, vamos fazer direito, né? As principais perguntas que eu acredito que devem ser feitas para nortear o processo são:
- Qual o capital disponível hoje?
- Onde existem oportunidades de redução de custos a longo prazo?
- Quais ações podem ser tomadas para reduzir/eliminar perda de clientes/mercado?
- Quanto do capital disponível pode ser utilizado sem impacto negativo para a organização no médio prazo?
- Qual estratégia de marketing será utilizada para divulgar as ações?
Percebeu que até agora eu falei de tudo menos de marketing? Marketing só entra agora. Depois de cortar o que tinha que cortar, de arrumar o que tinha que arrumar e pensar o que tinha que pensar. Só agora que você sabe onde está e para onde precisa ir, você pode comunicar para seus clientes, parceiros, fornecedores (e concorrentes!) o que será feito, seja na forma do lançamento de um novo produto/serviço, na mudança do modelo de negócio, no ajuste do formato (do presencial para o remoto ou do físico para digital por exemplo) e até mesmo “business as usual” – não precisa fazer nada diferente e esperar a crise passar.
Se cuidem, cuidem dos seus familiares, cuidem dos seus funcionários, cuidem de suas organizações. Se precisarem de mais ajuda, estamos aqui. Isso vai passar.