Abrir um negócio é sempre igualmente excitante e assustador. Algumas vezes a ideia é muito boa, mesmo assim o medo é maior do que a confiança na ideia. Ou você só tem a ideia, mas não tem os recursos necessários para implementar a solução. Às vezes você simplesmente precisa de ajuda com algo que não entende. Nessas horas, entra o sócio, aquela figura que pode ser o diferencial no seu negócio: para o bem ou para o mal.
Nesse artigo, vamos falar das vantagens e desvantagens de se ter um sócio e apresentar algumas diretrizes para minimizar as chances de problemas surgirem para sua empresa logo no início do caminho.
Neste artigo
Você precisa de um sócio?
Essa é primeira pergunta que você precisa fazer quando vai abrir um negócio e está considerando uma sociedade. O que um sócio traria para o negócio que você não traz? O que um sócio faria que você não faz?
Um dos fatores a considerar é o perfil. Se você tem um perfil técnico, um sócio com perfil de negociação ou de administração pode ser uma boa para o negócio. Se seu perfil é de comunicação, um sócio que entenda mais dos pormenores do negócio provavelmente cairia bem. Se você é o tipo empreendedor que faz um pouco de tudo, um sócio que tenha recursos e conexões pode ser exatamente o que você precisa.
Mas o fator que você não pode deixar de considerar é: Você está disposto a aceitar que outra pessoa comande “seu” negócio? Está pronto para, em alguns momentos, receber ordens mesmo sendo dono? Sociedade é parceria e é saber quando o outro está certo e você deve acatar. Por isso escolher bem o sócio é importantíssimo no momento da abertura do negócio.
Quem vê sócio, não vê coração
Agora que você decidiu que realmente existe benefício em ter um sócio e já tem candidatos em vista, é sempre bom conhecer melhor a pessoa. Uma professora minha disse uma vez “sociedade é que nem casamento” e é pura verdade. Um casamento ruim estraga sua vida, uma sociedade ruim estraga seu negócio e ambos costumam terminar em perdas financeiras e mágoas. Tendo isso em mente, busque conhecer seu possível sócio tanto como pessoa quanto como profissional e se possível, como empreendedor.
Se você identificar situações ou ações com as quais não concorda, tente entender o motivo que levou seu possível sócio a agir desta forma, existe sempre a possibilidade dele estar 100% justificado numa ação que você não concorda e que aquele foi o ponto fora da curva. Tudo bem se esse for o caso. O problema é se o padrão de comportamento for o que você não concorda.
“Mas Diego, e agora?” você deve estar perguntando. Três coisas: Prós e contras; e Responsabilidades. Pese o que você ganha e o que você perde com esse sócio entrando na empresa e identifique que capacidades/funções este sócio poderia desempenhar onde as ações/comportamentos/situações com as quais você não concorda não existiriam. Por fim, confira se seu possível sócio compartilha dos mesmos valores que você.
Sócios diferentes, valores iguais
Nós já falamos de valores antes aqui no Blog da DNCE. Se você ainda não está familiarizado com o conceito, pode nosso artigo aqui. Os valores do negócio são, comumente, os valores dos fundadores. Um sócio que não se identifica com os valores da empresa não vai trabalhar da forma que a empresa pede. O seu possível sócio precisa concordar com o problema que vai ser resolvido (falamos disso aqui também) tanto com a solução – a forma que a empresa trabalha, presta serviços, atende clientes, lida com funcionários, negocia com fornecedores, faz a administração e lida com custos e lucros.
Os valores de uma pessoa variam e são moldados pelas experiências de vida. Não é um trabalho fácil mudar de valores e a hora de abrir uma nova empresa não é o melhor momento para tentar fazer seu possível sócio mudar. O segredo aqui é a comunicação aberta e honesta e estar aberto a incorporar valores do seu sócio ao negócio. Você gostaria de ser sócio numa empresa que não faz nada de acordo com o que você acredita? Ele também não. Um bom início é determinar pontos comuns, valores que ambos compartilham e seguir daí.
Se ficar claro que um ponto comum ou, mesmo que esse exista, ainda tenha muito atrito entre os sócios por conta dos outros valores, repense a sociedade. Se vocês não conseguem concordar nisso, não vão conseguir concordar em muita coisa.
Quais as responsabilidades dos sócios?
Se todos sobreviverem aos passos acima, está na hora de colocar as coisas no papel. Quem faz o quê, quem é responsável pelo quê, onde a autoridade de um começa, onde a do outro termina e quais áreas da administração do negócio cabem a cada sócio.
Um negócio no início é menor que um negócio já estabelecido, mas a diferença é apenas essa, o nível de complexidade é quase sempre o mesmo já que as mesmas atividades administrativas devem ser realizadas. Alguém ainda precisa cuidar do financeiro, alguém da contabilidade, alguém tem que ficar de olho no estoque, alguém precisa garantir que a logística não deixe o negócio na mão, alguém tem que negociar com fornecedores, alguém tem que cuidar das reclamações dos clientes, alguém tem que cuidar do jurídico e assim por diante.
Determine quem cuida e esteja pronto para deixar aquela área completamente na mão do sócio. As áreas que não devem cair nessa categoria são: Planejamento Estratégico, Planejamento Financeiro, Administração Financeira. Essas devem ser feitas em conjunto, levando em consideração a opinião de todos os sócios e os fatos de cada área da empresa.
Essa é uma ótima hora para aproveitar também e determinar o que os sócios não farão e já ir planejando as necessidades de recursos humanos da empresa. Uma dica: Se você não sabe fazer e se seu sócio não sabe fazer, busquem ajuda profissional.
Um PS: Nem todo sócio bota a “mão na massa”. Alguns apenas cuidam de garantir que o negócio tenha os recursos necessários para o sucesso, injetando capital e fazendo negociações com fornecedores, conseguindo clientes, apresentando parceiros e ajudando na parte administrativa.
Em resumo, a função do sócio vai depender de duas coisas: do perfil e das habilidades.
Comunicação com o sócio é essencial
Agora um aviso: Nada disso vai funcionar se os sócios não se comunicarem. Comunicação aberta, honesta, efetiva e sempre com respeito. Sócios brigam? Muito. Mas bons sócios entendem que a briga durante uma reunião da empresa morre com a tomada da decisão. Discussões da empresa não são focadas no pessoal, não são focadas na pessoa, são focadas no que é melhor para o negócio. Quando os sócios entendem isso e fazem o melhor que podem para realizar as atividades sob sua responsabilidade nenhuma briga, por pior que seja, vira problema pessoal.
Claro, existe o caso em que o sócio não faz: a) o necessário; b) o que é de sua responsabilidade; e c) com a qualidade que a empresa precisa. Mas este é um assunto para um outro dia!
Resumindo, o sócio deve ser preferencialmente uma pessoa com habilidades e conexões das quais você não dispõe, mas que compartilhe da visão e da paixão que você tem. Assim vocês trabalharão em conjunto, cada um dentro de sua expertise, para o sucesso do negócio.
E aí? Você precisa de um sócio para seu negócio? Quer acrescentar alguma coisa? Tem uma história de terror que aconteceu com você ou um sócio seu? Conta pra gente nos comentários!